Não quisemos no espetáculo Cinderela Brasileira retratar o sertão nordestino pela seca e suas cores ocres já tão usadas em diversas montagens sobre o tema.Buscamos através de um olhar farsesco¹, quase burlesco² recontar o clássico.Na pesquisa sobre a literatura de cordel descobrimos que suas origens estão na Europa Medieval.Tem suas bases na França (Provença), do século XI e posteriormente na Espanha, Portugal, Itália, Alemanha, Holanda e Inglaterra.
Chegou ao Brasil Colônia com os portugueses, depois incorporou a poética nativa do índio, a criatividade e o ritmo da poesia do negro e dos vaqueiros e tropeiros (o aboio). Tornou-se um ritmo sertanejo-tropical, integrando-se a outros ritmos como o baião, o xote, o xaxado e o forró. Ganhou uma característica especial com o advento da xilogravura, na ilustração das capas de milhares de folhetos.
Nossa cenografia e figurinos mesclam tanto o medieval referente ao texto e a história do cordel quanto ao universo colorido nordestino, chitas, fitas, cores fortes e flores, músicas como o xote, baião, forró e a ciranda são a base para a construção da trilha sonora original.Os atores em sua maioria nascidos ou descendentes nordestinos, trazem a experiência, vivência e história de suas infâncias, de seus pais e avós para colaborar no processo criativo do espetáculo.
¹Farsesco-modalidade de peça teatral caracterizada por personagens e situações caricatas, ações exageradas e situações inverossímeis, recorre a esteriótipos, inspira-se no cotidiano e no cenário familiar,
² Burlesco- um tipo de apresentação teatral que consiste em uma paródia ou sátira, descende direto da Commedia Dell’Arte, farsa ou burla, que é de comicidade exagerada, grotesco, caricato.
“(...) Toda peça para crianças deve conter uma grande dose de humor e comicidade, pois a criança precisa de alegria e de risos para descarregar os excedentes de energia nervosa, e no teatro, para avaliar a tensão das situações dramáticas (...)”
Tatiana Belinky
Nenhum comentário:
Postar um comentário